Como verificar o que de fato os alunos ainda não aprenderam?
Diagnóstico inicial, provas, observações de atividades realizadas em sala de aula, exercícios de sondagem, situações-problema, trabalhos em grupo, tarefas de casa - em conjunto, esses e outros instrumentos de avaliação ajudam a enxergar os diferentes saberes de cada um. Olhar apenas a nota das provas é absolutamente insuficiente para averiguar o que foi aprendido. Ainda mais quando sabemos que esse tipo de avaliação nem sempre é preparado de uma forma que permita checar se cada conteúdo trabalhado foi de fato aprendido. "Avaliação bem feita e válida é aquela que está relacionada aos objetivos de ensino e traz perguntas que abordam tudo o que foi ensinado. Ela permite que o aluno descreva o que aprendeu ou deixou de aprender", afirma Luckesi. "Sem ter clareza sobre as dificuldades de cada um, o professor pensa que terá de trabalhar com muito mais conteúdos do que o necessário e acaba desistindo da recuperação."
Monitoria aluno-aluno
O que é
Os próprios alunos atuam como monitores dos colegas com dificuldade de aprendizagem, prática que, além de eficiente, estimula a cooperação entre os estudantes.
Como organizar
Os professores e os coordenadores pedagógicos organizam grupos de trabalho em sala de aula de forma que os alunos que já dominam certos os conteúdos trabalhem juntamente com os que ainda não aprenderam. Os monitores devem ser orientados a ajudar os colegas sem fazer as tarefas para eles. É possível também organizar a monitoria entre estudantes de uma série mais avançada para colegas de séries anteriores.
Onde é feita
Trabalho de equipe faz a diferença
No CE 10 de Maio, em Itaperuna, a 271 quilômetros do Rio de Janeiro, a professora de Matemática dos Ensinos Fundamental e Médio Celenes Neves de Amorim sempre estimulou os alunos de bom desempenho a ajudar os colegas. Hoje esse procedimento é adotado em toda a escola e ela forma pequenos grupos de trabalho em sala de aula, com no máximo quatro alunos, sendo que um deles deve auxiliar os colegas nas atividades propostas. Já para as aulas de Química e Física do Ensino Médio, os monitores voluntários do 2º e do 3º ano retornam à tarde para ajudar os colegas sob a supervisão da coordenação pedagógica. "É um trabalho que dá certo e não envolve nenhum recurso extra, somente o estímulo ao trabalho em equipe", declara a coordenadora Olga Lívia Pinto de Oliveira.
Recuperação, não. Apoio contínuo à aprendizagem
A ideia de que o aluno deve receber algum tipo de apoio para evitar a repetência não é nova. Porém o mais comum é encontrar escolas e redes que reservam no fim do ano um período ao qual dão o nome de "recuperação" - como se fosse possível que qualquer criança ou jovem que não tenha compreendido ao longo do tempo, nos vários encontros semanais que teve com os professores, o faça em duas ou três aulas durante uma semana, em que são revistos todos os conteúdos ao ano. "As dificuldades têm de ser trabalhadas assim que elas aparecem em sala de aula e não deixar que se acumulem para o fim do ano", afirma Ocimar Munhoz, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
O termo "recuperar" não é mais usado pelos educadores que defendem uma distinção entre os processos de ensino e de aprendizagem. "Todos os alunos são capazes de aprender. Contudo, eles adquirem o conhecimento em ritmos e de maneiras diferentes", afirma Rosa Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em escolas. "Sempre haverá estudantes que precisarão de apoio em algum conteúdo específico de uma disciplina ou em algum momento da vida escolar. Cabe ao professor e à escola oferecer a eles diversos caminhos."
O ideal é que, de acordo com os resultados obtidos nas avaliações, os professores e a coordenação pedagógica identifiquem as necessidades de aprendizagem de cada aluno e ofereçam a ajuda necessária. "A avaliação do aluno deve ser constante para que se possa reconsiderar o trabalho docente no momento necessário", diz Rosa Antunes.
REVISTA NOVA ESCOLA – SETEMBRO DE 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário